domingo, 26 de janeiro de 2020

Inícios


E a última folha daquele calendário da farmácia que fica na geladeira foi para o lixo. A agenda 2019 já foi colocada na gaveta e o mundo finalizou mais uma volta ao redor do Sol. Tá, muita gente diz: mais um dia COMO QUALQUER OUTRO. Mais um ano sob o governo Bolsonaro que a gente mal aguentou 2019 e já nem sabe o que esperar de 2020 de tanta merda que já aconteceu. 2020 mal começou e já teve ameaça de 3ª guerra mundial. Mas apesar disso tudo, como é boa essa sensação de começo né?

E 2020 é um ano visualmente tão redondinho. Simétrico. O primeiro passo para uma nova década. E de pensar que há vinte anos estávamos pensando no bug do milênio (Jesus Maria e José, eu lembro do bug do milênio, como assim?).


Eu sempre achei clichê aquela frase do “hoje é a primeira folha em branco de um caderno de 365 páginas. Escreva-o bem!”, apesar de um caderno novinho ser incrível. Mas num mundo de bulletjournals super fofinhos e bem decorados invadindo nossos feeds, percebo que a gente fica meio ansioso em querer ter cadernos perfeitos, em atingir as metas que pensamos para esse novo ano (como escrever mais nessa newsletter abandonada) e no fim das contas, acabamos ficando soterrados emocionalmente por essa vontade de começar de novo... quando isso nem existe.


Essa sensação de ‘uma nova chance’ é maravilhosa. Sei lá, dá um boost de energia como se realmente fossemos um livro em branco. A verdade é que se somos um livro em branco, 2020 é o tomo 28 da Barsa chamada minha vida. Existe um mundo antes desse livro que está nas primeiras páginas escritas e eu tenho que levar em consideração os tomos iniciais para escrever bem as próximas páginas.


Sempre é bom se jogar em algo novo. Viajar para um lugar diferente na louca, sem muito planejamento. Só deixar a deusa me levar. Mas bem, se eu decido ir amanhã para o Canadá visitar minha melhor amiga, eu provavelmente ia chegar em Montreal e congelar de frio. Não seria melhor antes de ir me perguntar: como será que está o clima lá? Me conhecendo bem, não seria melhor levar mais roupas para me aquecer já que passo frio mais fácil? Acho que seria legal eu levar um presente pra minha amiga. Já que quero andar muito, não seria melhor levar só tênis e bota ao invés de sapato de salto?

O que quero dizer é: no início de qualquer coisa, seja uma nova carreira, um novo ano, um novo caderno, é fundamental se conhecer. Eu fico irritada com aqueles textos do Medium: Comece 2020 acordando cedo e se torne uma pessoa de sucesso. Porque isso é impossível! Cada um tem seu ritmo. Há 15 anos eu acordava às 05h30, caminhava ouvindo podcast em francês pra estudar, voltava pra casa, me arrumava, ia pra escola e à tarde ainda fazia cursos pro vestibular. QUEM ERA ESSA PESSOA?! Ela já habitou o meu corpo? Hoje, levantar da cama pra mim é uma tortura. O despertador é meu pior inimigo.  


Há 5 anos, eu preferia fazer exercícios no fim da tarde ou início da noite. Hoje, eu prefiro acordar às 8h, 9h da manhã e ir pra academia, pois o exercício pela manhã me deixa mais disposta para o resto do dia (Inclusive hoje é domingo e eu fui pra academia. COMO ASSIM, QUEM É VOCÊ PESSOA QUE ESTÁ HABITANDO MEU CORPO?!). Fazer exercício à noite afeta meu sono.

Como diz minha mestra fitness: TEM QUE MALHAR PRA FICAR FORTE E METER O SOCO EM FASCISTA!
Somos seres em constante construção (e desconstrução). Por que começar um novo ano com páginas em branco? Prefiro imaginar 2020 como um novo capítulo de um livro cheio de dicas que eu já escrevi antes para me ajudar a desenhar, rabiscar e escrever novas histórias.

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